Fui provocado por um ser iluminado a redigir um texto baseado na seguinte afirmação: EU COMI UM MIOJO.
Topei a brincadeira, e o resultado segue abaixo:
Um miojo me comeu.
Era apenas um jantar mal elaborado.
Cheguei cansado dos afazeres diários quando o espírito da preguiça dominou meu corpo. Não conseguia sentir forças para a mais leve tarefa.Percebi a fome que me dominava, e resolvi eu domá-la.
Fui até o armário, revirei no fundo
para achar a embalagem que há muito guardara e que havia sido proibida para mim
desde a última aferição da pressão. O profissional alertou a necessidade de
reduzir o sódio. Mas que ódio. O sal é importantíssimo. O mar é puro sal, na
Bolívia tem até deserto. Por que eu, uma pobre matéria pensante e destinada ao
fim, deveria me abster de um gosto salgado?
O miojo estava lá e, rapidamente, em um ímpeto, recuperei a força quando o peguei. Era um plástico dourado, sabor de galinha.Que ingenuidade a minha, jamais pensaria no fantástico que se realizaria.Sem rodeios, após ebulir a água por 180 demorados minutos, rasguei a embalagem.
Explosão.
Uma névoa salgada – sim, eu senti o gosto de galinha – dominou toda a cozinha. Tentáculos duros amarelos foram sobressaltando e tomando uma forma que preenchia todo o cômodo. Não conseguia abrir os olhos, pois uma massa imensa envolveu os envolvera. Não conseguia gritar, pois também na minha boca, ela adentrara. Eu tentei comer o mais rápido possível, na tentativa de me desvencilhar.
Meus dentes, após comer o que estava na boca e cerrá-la para não entrar mais, conseguiu quebrar um pedaço da parte que envolvia meus olhos, e a venda caiu.Seria melhor se não tivesse caído, pois eu poderia ter não ter visto aquilo que apareceu.
Olhei para cima e uma enorme galinha,
formada de macarrão, com sua boca gigante vinha na minha direção. Fui ciscado,
digerido e excrementado pela cloaca. Sujo entre fezes e urina aviárias, gritei um 'não' inaudível, me lambuzando com todos os resíduos.
Outra explosão.
Levantei do sofá aos berros, havia caído no sono. Psicanalistas alegam que o universo onírico aduz características do nosso subconsciente. O corpo fala e a mente também, mesmo que inconsciente. Que engraçado, pois há consciência na inconsciência.
Acordei já sem fome, deixa para amanhã. De qualquer modo, eu nao sou besta e sei ler os sinais da vida: MIOJO
nunca mais .
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