sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Pensamentos da superfície.



Na imensidão do espaço, laço
A  lente-olhar, que se detém ao
Tanto de esturdície.
Vemos tudo e nada
Cansados do mormaço.

Tanto mar afundo há
Reinos, grupos e corais
Especies conhecidas e outras que nem pensais.

Mas quem  vê tudo  é a tartaruga:
Lá do fundo, sobe
E cá em cima, desce.
Assim, na calmaria,
aprecia cada madruga:
Acima e abaixo.
Dentro e fora.

Cotidiano n.2

Hoje sugiro esta linda composição, poética e musical, de Toquinho e Vinicius de Moraes que objetifica as inquietações do homem- comum frente ao cotidiano e ao almejo de um futuro esperançoso, de uma saída. Trata-se de uma parábola: Por mais que não tenhamos os desejos concretizados temos a nossa vida, própria, única e intransferível. O violão, neste caso, é uma metáfora de nós mesmos. Mensagem de esperança e humanidade.
Ontem, ao ler a noticia do exílio do deputado federal Jean Wyllys alegando ameaças à sua vida, ao seu corpo (e não venham alegar que foi autoexílio, tenham empatia pela dor e pela humanidade alheia!) me recordei desta musica e, ao apreciá-la com os olhos marejados, pensei no quanto urge a necessidade de lutarmos  para manter nossa preciosa identidade e o protagonismo de nossas próprias vidas.  Jamais pensei que, vivendo num pais "livre" e numa modernidade do século XXI tal preocupação me inquietaria. Claro que entendo que tais violências não são novidades, mas a incitação ao ódio e estigmatização que acomete nossa sociedade, muitas baseadas em notícias falsas, junto com um discurso de parte das pessoas que relativizam as mesmas, me assusta! A perseguição amedronta professores, políticos, artistas e qualquer pessoa que tende a ter um pensamento um tanto mais crítico, quem dirá progressista. Temos  medo da bala que tanto defendem que tenhamos em casa para "autodefesa" (sociedade BangBang). E medo também de ser quem se é, com tanta homofobia e muito sangue LGBTQ+ nos noticiários . Vá Jean, leve seu violão e não se cale: Componha novas lindas musicas e volte logo! 







Há dias que eu não sei o que me passa
Eu abro o meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Acordo de manhã, pão sem manteiga
E muito, muito sangue no jornal
Aí a criançada toda chega
E eu chego a achar Herodes natural

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Depois faço a loteca com a patroa
Quem sabe nosso dia vai chegar
E rio porque rico ri à toa

Também não custa nada imaginar

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Aos sábados em casa tomo um porre
E sonho soluções fenomenais
Mas quando o sono vem e a noite morre
O dia conta histórias sempre iguais

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Às vezes quero crer mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Composição: Toquinho / Vinícius de Moraes

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Homem-do-mato-sul.


Eu sou
O tal inflado.
Dourado pelo sol escaldado

Em plantas e venenos,
Exacerbado.
Sob  agro e culturas reflexas
Aspirando ao arrastado Texas

Country do céu azul
Do Mato, Grosso e do sul.


        Filme: Animal Político (2016). Direção: Tião.

Prelúdio.

Referenciando a saudosa Clarice: tudo no mundo começou com um sim! Pensando sobre os últimos tempos de minha breve vida notei, frente aos questionamentos da existência, a grande necessidade de formular ideias através das palavras. Observei que, intimamente, é preciso dar uma basta na minha desorganização e euforia destrutiva dizendo sim e canalizando tais energias na construção de algo maior, ainda em definição, mas que pretendo elaborá-lo no decorrer da juntada das palavras. Sou um jovem estudante de letras, latino americano,  aspirante a humano, sufocado pelo tecnicismo e em busca daquele belo e sublime misterioso, que tampouco eu sei defini-lo (melhor ler Kant). Com palavras enfatizo meus sentimentos, formulo melhor minha identidade, minhas ideias, meus planos, meus pontos de vistas, minha arte, minhas duvidas e meus problemas. Para um contexto social basta trocarmos na oração passada o pronome possessivo meu por nosso. Arte da palavra!  Feito estas considerações passo ao meu objetivo com isto aqui: Tratarei este blog como um relicário de ansiedades, inquietações e anseios que tanto me afligem e que agora tentarei esquematiza-los em orações numa tentativa de tirar aquele peso das costas: Quero dormir em paz! Assim, ansioso leitor, aqui verá de tudo: teorias que eu julgar importante compartilhar (com certeza com meus maus entendidos incluídos), notícias, críticas, sugestões, ARTE [cinema,  literatura, charges, musica, teatro, poesia (sobretudo e com algumas criações minhas)...] e assuntos que mergulham e atolam no pantanal da minha mente me deixando com aquela sensação de que algo deve ser feito, sobretudo neste tempo de tanto retrocesso. Talvez quando eu estiver com mais desenvoltura arrisque umas resenhas por aqui mas já aviso: A minha maior pretensão é comigo mesmo. Por fim se por uma aleatoriedade, caro leitor, caia neste site, por favor, peça licença e me perdoe pela bagunça. Sim!